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DESEMPENHO: REAÇÃO AO FOGO

REAÇÃO AO FOGO NO DRYWALL
By: Alex Fersan

Hoje eu vou tratar de um assunto de grande importância para a população dentro do mundo da construção civil, principalmente na construção a seco onde as coisas estão um pouco mais evoluídas em relação a construções utilizadas tradicionalmente no Brasil, nosso assunto de hoje está diretamente relacionado ao desempenho ao fogo nas construções:

O tema de hoje é REAÇÃO AO FOGO!

Mas, você sabe o que é a reação ao fogo no drywall?

Como já havia comentado em posts anteriores, o desempenho ao fogo ou Tempo requerido de resistência e reação ao fogo (TRRF) é subdividido em duas categorias são elas resistência ao fogo que tem por finalidade verificar a estabilidade dos sistemas de construção a seco após serem submetidos ao fogo controlado por 30, 60, 90 ou 120 minutos.

Já a reação ao fogo é subdividida em duas outras categorias, o índice superficial de propagação de chamas e fumaças (IP) e a densidade de óptica (Dm)
Quanto ao índice de propagação superficial de chamas e fumaças (IP), trata-se da classificação de determinados materiais através de ensaios técnicos laboratoriais para determinação de fins específicos que visam identificar e classificar os produtos quanto a sua capacidade de se propagarem quando são submetidos ao fogo.

Segundo informações obtidas no site do (IPT) Instituto de pesquisas tecnológicas, para realizar o teste os corpos de prova são testados na posição vertical, expostos a um fluxo radiante de calor. São realizados ensaios com aplicação de chama piloto, descritos como “com chama”, visando garantir a condição de combustão com chama e sem aplicação de chama, descritos como “sem chama”, visando garantir a condição de decomposição pirolítica. A pior média de resultados obtidos é utilizada para caracterizar o material ensaiado.

Imagem: Câmera de fluxo de calor

Fonte: Site IPT     
                                                           
Já os índices de densidade de óptica (Dm) a grosso modo visam verificar e classificar a densidade de fumaça produzida por determinados materiais ao serem submetidos ao fogo, ou seja, quanto menor for a densidade de fumaça provocada pelo material melhor será sua classificação.

Imagem: Câmera de densidade óptica

De acordo com o site do Instituto de pesquisas tecnológicas - IPT O método de ensaio é definido pela norma internacional ASTM E662 que utiliza uma câmara de densidade óptica fechada, onde mede-se a fumaça gerada por materiais sólidos. A medição é realizada pela atenuação de um raio de luz em razão do acúmulo da fumaça gerada na decomposição pirolítica sem chama e na combustão com chama.




Fonte: Site IPT             

Mas, qual seria a importância dessas classificações para a população de modo geral?
Ter conhecimento dessas informações é primordial para o nosso bem estar e segurança, pois, ajudam a preservar a vida da população como um todo. Esses conhecimentos permitem-nos conhecermos os materiais e utilizá-los de maneira adequada diminuindo os riscos de mortes nos incidentes e facilitando o trabalho dos profissionais que combatem os incêndios.

Ao leigo, basta saber que quanto menor os índices de propagação de chamas e fumaças, melhor é a classificação do produto em questão, logo, existem no mercado nacional uma enorme gama de produtos produzidos com excelentes índices classificatórios a preços acessíveis a boa parte de população.

Nesse momento eu não me surpreenderia se o leitor estivesse se questionando o motivo pelo qual ainda existem uma enorme quantidade de produtos com classificações ruins que são consumidos em grande escala pela população.

Acontece que diferentemente do que ocorre em outros setores do mercado de trabalho, na engenharia, mais especificamente na civil, boa parte da mão de obra é composta por curiosos ou profissionais sem qualificação ou habilitação técnica, ou seja, aprendem de modo empírico fazendo na prática ou observando quem faça o serviço.

Pergunto a você caro leitor: Quando o seu carro danifica algum componente mecânico a quem você recorreria para realizar o reparo, ao seu Zé da esquina que tem um carrinho velho que vive dando problemas e que de tanto consertá-lo ou de tanto ver o mecânico realizar o reparo em seu veículo já se acha um expert no assunto.

Na construção civil esse mesmo Zé da esquina que construiu sua casa ao longo de muitos anos comprando material aos poucos e fazendo o que achava ser correto para construir, agora com o auxílio da internet assiste a uns vídeos no site do Youtube de outros curiosos que se acham entendidos de construção e assim que perdem seus empregos passam a oferecer mão de obra para realização de reformas e acabamentos, conforme vão ganhando “experiência” passa a oferecer serviços de construção e seus ajudante e auxiliares vendo que seu Zé da esquina está ganhando um dinheiro com as obras que tem conseguido para a ofertar seus serviços como pedreiros sem nunca terem frequentado uma escola que os habilitasse a tal exercício da função.

As consequências disso são catastróficas é claro, seja para o mercado de trabalho que deixa profissionais habilitados de fora da concorrência que não conseguem competir com os valores cobrados pelo seu Zé da vida, seja para a população que frequenta locais com obras de qualidade ruim de acabamento e estruturas que as coloca em risco algumas vezes, seja para a engenharia defina seus valores e coloca a prova a qualidade técnica de seus profissionais habilitados que são generalizados em momentos de tragédias.

Isso ocorre, pois, esse tipo de “profissional” sabe que não está habilitado pra realizar a tarefa, então, cobra valores muito abaixo de mercado e como estão inseguros em geral trabalham para amigos e vizinhos inicialmente, depois dentro de suas comunidades, bairros e acabam se tornando empreendedores individuais ou até mesmo construtores.

Na verdade, a minha opinião é que coisas como essas só ocorrem divido a falta de organização atuação de órgãos fiscalizadores, e entidades da engenharia que deveria por regrar a construção no país a exemplo do que ocorre no setor de saúde, onde toda farmácia necessita de um farmacêutico responsável, medicamentos necessitam de prescrições médicas para serem vendidos e evitarem a automedicação, as equipes de técnicos para atuarem necessitam de registro em seus órgãos, profissionais que atuam de modo mais singelo recebem cursos de auxiliar etc.

Baseado no que acabo de escrever acima, muita vezes acabo me questionando sobre o motivo pelo qual algumas coisas não ocorrem na engenharia como na saúde ou na educação, abaixo listo alguns desses meus questionamentos:


        I.            Os empreendimentos de materiais construtivos não deveriam ter engenheiros civis ou arquitetos como responsáveis?
      II.            Os empreendimentos de materiais de construção não deveriam informar aos órgãos de seus estados quanto à compra e venda de seus produtos?
    III.            Os empreendimentos de materiais de construção não deveriam vender materiais relacionados à estrutura e fundação somente mediante prescrição de um engenheiro civil mediante uma cópia do cálculo estrutural da construção em mãos?
    IV.            Os desenhistas de construção civil não deveriam ter certificação de técnicos de edificações com especialização ao que se propõem?
      V.            Os profissionais de balcão das lojas de materiais de construção civil não deveriam ter certificação de auxiliares de edificações contendo X horas de treinamentos e estágios?
    VI.            Nas construções de pequeno porte não deveriam obrigatoriamente ter o acompanhamento de um de um profissional técnico durante um período integral ou parcial para fiscalizar as exigências construtivas?
  VII.            Por que os profissionais de instalações da construção civil de modo geral não são exigidos certificado de auxiliares para exercício das funções?
VIII.            Por que as empresas possuem profissionais que são envolvidos na área de venda de produtos e serviços de engenharia civil que não possuem qualquer tipo de formação ou qualificação nesse ramo?
    IX.            Será que se tivéssemos na engenharia civil os mesmos critérios profissionais estabelecidos pela área de saúde nos teríamos essa enorme quantidade de profissionais habilitados e qualificados fora do mercado de trabalho?
      X.            Qual ou quais órgãos ou entidades deveriam ser o responsável por implantar profissionais mais qualificados na construção civil, CAO, CREA, SINDUSCON, CONFEA, MEC, a quem meu deus?
    XI.            Porque para abrir uma escola é necessário ter formação pedagoga e para abrir uma construtora só é necessário dinheiro?
  XII.             Porque para um engenheiro lecionar matemática ou física é necessário formação complementar em pedagogia ou mestrado e pra ensinar construção civil qualquer um que tenho conhecimento está habilitado?

Esses são alguns dos questionamentos que me faço, pois, sei que mudariam a história da construção no mercado nacional e evitariam que ocorrências como a que tivemos na madrugada de 27 de Janeiro de 2013, na região sul do Brasil, mais especificamente na cidade de Santa Maria no interior do empreendimento (boate) denominado “KISS”, levando a óbito (242 pessoas) uma grande quantidade de jovens (moças e rapazes) a grande maioria por asfixia devido à grande quantidade de fumaça que inalaram e deixando outras 630 feridas.


De acordo com informação obtidas no site wikipédia “O acidente foi considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio, sendo superado apenas pela tragédia do Gran Circus Norte-Americano, ocorrida em 1961, em Niterói, que vitimou 503 pessoas;[5][6] e teve características semelhantes às do incêndio ocorrido na Argentina, em 2004, na discoteca República Cromañón”.



Fonte: Site Wikipedia

É provável que isso pudesse ter sido evitado ou ao menos amenizado com uso de materiais adequados e com baixos índices de densidade de óptica (Dm), mas, para que isso tivesse ocorrido o empresário que pagou pela construção da mesma deveria ter contratado um profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto) para especificação e quantificação dos produtos e sistemas que foram empregados no estabelecimento tendo como base os conhecimentos das normas técnicas (ABNT NBR’s) relacionadas as tratativas, procedimentos construtivos estipulados pelos fabricantes e instruções técnicas do corpo de bombeiros de seu estado, mas, devido a esta falha em nosso sistema construtivo isso provavelmente não ocorrerá.

Voltando a nossa tratativa principal que é a resistência a fogo no drywall, gostaria de informa-los que a classificação dos produtos produzidos nacionalmente devem ser fornecidas pelos seus fabricantes que de modo geral imprimem em suas embalagens ou deixam nos seus sites inseridos nas fichas técnicas dos produtos.

Caso você leitor estudante, consumidor ou profissional encontre a ficha técnica com a classificação e não consiga identificar ou entender seus significados, sugiro que realize a leitura da instrução técnica do corpo de bombeiros de seu estado que fale sobre a tratativa em questão e na ausência dela utilize a IT 09/2011 do CB / SP tida como padrão nesses casos.
Fonte: Arquivo pessoal

Nela (IT 09/2011 do CB / SP) o leitor encontrará textos, imagens e tabelas que propiciam orientação e entendimento sobre a classificação dos materiais relacionados à reação ao fogo, também é possível obter esse conhecimento através de uma linguem mais singela e abrangente pela leitura de minhas publicações relacionadas ao desempenho ao fogo, postados em meu blogger.

Vantagens do drywall quanto ao desempenho ao fogo
De modo prático e objetivo, quando tratamos de medidas de combate ao fogo no DRYWALL temos que consideração duas vertentes ou medidas desta tratativa em especial, são elas:

Medidas ativas e Medidas passivas
Ativas:
Podem ser classificadas como medidas ativas os extintores, sprinklers, detecção automática, compartimentações, entre outros.

Passivas:
Nas medidas passivas encontramos as pinturas intumescentes, os elementos construtivos com maior resistência ao fogo, etc.

Outras:
A grande vantagem do DRYWALL é que ele é considerado uma medida ativa, tanto quando utilizado na forma de paredes, tetos e revestimentos, como também é considerado uma medida passiva visto que é amplamente utilizado para a proteção de estruturas, aumentando assim sua resistência ao fogo.

Como 20% do peso do drywall é composto de água devido a sua estrutura química, sua resistência ao fogo é comprovadamente eficaz.


É importante ressaltar que um incêndio se apaga no projeto, portanto devemos sempre respeitar as indicações dos fabricantes e as condições de ensaio.



Dessa forma espero que tenha proporcionado aos senhores, seguidores, fãs, amigos e leitores um bom entendimento sobre o tema, mas, de qualquer forma fico a disposição para quaisquer esclarecimentos que acharem necessário.

  
REFERÊNCIAS:
SITE: IPT - Em: 06/03/2018 às 16:12h
SITE: Wikipédia - Em 06/03/2018 às 15:12h


NBR 15758
ASTM E662




FERSAN ENGENHARIA
Alex Ferreira dos Santos
Engenheiro Civil
Especialista em construção seca.
WhatsApp: (67) 9.9850-0013 | (21) 96526-7776
fersan.engenharia@gmail.com