Decreto nº 42/2018 (COSCIP) – Resumo e Principais Pontos
Segue abaixo um breve texto relacionado a projetos de prevenção e combate à incêndios no estado do Rio de Janeiro/ RJ com base no documento denominado (COSCIP) ao qual nos referimos acima.
O Decreto nº 42/2018, regulamentado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), estabelece o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (COSCIP), atualizando normas para edificações e áreas de risco.
1. Objetivo
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Regular a segurança contra incêndio e pânico no Estado do Rio de Janeiro, visando proteger vidas, patrimônio e meio ambiente.
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Substitui legislações anteriores, como o Decreto nº 897/1976.
2. Aplicação
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Abrange edificações e áreas de risco, incluindo construções permanentes ou temporárias, loteamentos, eventos públicos e estruturas com produtos inflamáveis.
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Isenções:
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Residências unifamiliares privativas.
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Empresas domiciliares sem atendimento ao público.
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Comércio ambulante.
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3. Classificação das Edificações
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Por ocupação: Divididas em grupos (ex.: residencial, comercial, industrial) e subgrupos (ex.: hospitais, shoppings, estádios), conforme Anexo II.
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Por risco de incêndio: Pequeno, Médio 1, Médio 2 e Grande, definidos pelo CBMERJ em Notas Técnicas (NT).
4. Medidas de Segurança Obrigatórias
As exigências variam conforme a ocupação, altura, área total construída (ATC) e risco.
Exemplos:
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Medidas básicas: Extintores, sinalização, iluminação de emergência, saídas de emergência.
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Medidas avançadas: Sistemas de alarme, detecção, chuveiros automáticos, controle de fumaça, compartimentação vertical/horizontal.
Exemplo prático (Tabela 2 – Anexo III):
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Para edificações de até 900 m² e 2 pavimentos:
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Extintores, sinalização, iluminação de emergência e saídas de emergência são obrigatórios.
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Plano de emergência exigido apenas para locais com lotação acima de 200 pessoas (ex.: boates).
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5. Regularização
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Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP): Exige projeto técnico, Laudo de Exigências e Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo CBMERJ.
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Procedimento simplificado: Para imóveis de risco diferenciado (até 900 m², 2 pavimentos, sem riscos específicos), com autodeclaração online.
6. Responsabilidades
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Proprietários: Garantir a regularização, manutenção das medidas e renovação dos certificados.
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Profissionais: Projetos devem ser elaborados por engenheiros ou arquitetos cadastrados no CBMERJ.
7. Fiscalização e Penalidades
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Multas: Até 1.600.000 UFIR-RJ por descumprimento.
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Interdição: Em casos de risco iminente (ex.: falta de saídas de emergência).
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Cassação de certificados: Por alterações não comunicadas ou irregularidades.
8. Disposições Especiais
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Eventos temporários: Exigem Autorização para Evento (AE).
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Estádios e locais de grande público: Vistorias anuais obrigatórias.
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Microempresas e MEI: Isenção de taxas e prioridade em fiscalização orientadora.
9. Anexos Relevantes
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Anexo I: Glossário com definições técnicas (ex.: “área de risco”, “compartimentação”).
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Anexo II: Classificação detalhada das ocupações (ex.: Grupo F-3 = estádios; Grupo I-3 = indústrias de alto risco).
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Anexo III: Tabelas de exigências por tipo de edificação (ex.: hospitais exigem pressurização de escadas; túneis requerem ventilação).
10. Disposições Finais e Transitórias
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Recursos hídricos para combate a incêndio (Art. 65):
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O CBMERJ pode utilizar qualquer fonte de água disponível (ex.: hidrantes públicos) durante operações.
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Proibida a instalação de válvulas de retenção em hidrantes.
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Custos com água utilizada são ressarcidos pela concessionária local.
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Instalações elétricas (Art. 67):
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Devem seguir normas técnicas e incluir dispositivos de corte geral de energia.
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Sistemas de segurança devem permanecer energizados mesmo com o corte.
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Comissões técnicas (Art. 68):
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CAT: Analisa casos complexos ou não previstos no código.
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CCF: Responsável por processos administrativos e ajustamento de conduta.
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CPAN: Propõe atualizações na legislação.
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Vigência e revogações (Art. 70-71):
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Decreto entrou em vigor 180 dias após sua publicação (26/12/2018).
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Revoga 26 legislações anteriores, incluindo o Decreto nº 897/1976.
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11. Estruturas Existentes e Riscos Específicos
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Edificações anteriores à vigência: Devem se adequar gradualmente, podendo haver redução de exigências se houver limitações estruturais.
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Riscos específicos (ex.: explosivos, gases inflamáveis): Seguem regras adicionais.
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GLP: Armazenamento permitido apenas no térreo, fora da projeção da edificação.
12. Exemplos Práticos de Aplicação
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Shopping Center (Grupo C-3):
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Exige chuveiros automáticos, compartimentação contra fumaça e Certificado Anual de Vistoria (CVA).
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Áreas acima de 3.000 m² exigem sistema de detecção de incêndio em toda a edificação.
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Hospital (Grupo H-3):
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Pressurização de escadas e elevadores de emergência.
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Plano de emergência obrigatório, com simulações regulares.
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Posto de combustível (Grupo G-3):
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Sistema de drenagem para contenção de vazamentos.
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Distanciamento mínimo entre bombas e tanques, conforme NT do CBMERJ.
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13. Aspectos Relevantes por Segmento
a) Condomínios: Mudança de uso exige novo projeto. Áreas comuns seguem regras de segurança específicas.
b) Indústrias e depósitos: Carga de incêndio >1.200 MJ/m² exige sistemas avançados, como sprinklers setorizados.
c) Edifícios históricos: Podem solicitar adaptações flexíveis via CAT, mantendo segurança equivalente.
14. Prazos e Atualizações
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Certificados de Aprovação (CA):
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1 ano: Locais de reunião de público.
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Até 5 anos: Edificações de baixo risco.
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Notas Técnicas: Revisadas periodicamente; empresas devem acompanhar.
15. Casos Comuns de Não Conformidade
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Extintores vencidos.
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Saídas de emergência bloqueadas.
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Falta de manutenção em sistemas automáticos.
Solução: Vistorias internas trimestrais e treinamento de brigadistas.
16. Impacto Financeiro e Estratégias
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Custos variam de R$ 5 mil (pequenos comércios) a R$ 500 mil+ (grandes empreendimentos).
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Redução de custos:
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Utilizar procedimento simplificado quando aplicável.
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Empregar materiais com certificação INMETRO.
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17. Jurisprudência e Disputas
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Recursos administrativos possíveis via CCF em até 30 dias.
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TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) permite regularizar pendências sem multa, mediante cronograma.
18. Tecnologia e Inovações
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Sistemas inteligentes: Detecção por IA, gestão via aplicativos.
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Sustentabilidade: Uso de materiais ecológicos e ignífugos.
19. Comparativo com Outros Estados
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RJ vs. SP: SP exige projeto incluso no Habite-se; RJ exige certificação separada.
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MG: Critérios semelhantes, com foco em áreas rurais.
20. Perguntas Frequentes (FAQ)
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Minha loja tem 80 m². Preciso de alvará? Sim, mas pode usar procedimento simplificado se não houver risco específico.
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Edifícios antigos precisam se adequar totalmente? Não, podem adotar medidas equivalentes aprovadas pela CAT.
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Quanto tempo leva a vistoria? Em média, 15 a 30 dias após o agendamento.
21. Recursos Úteis
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Checklist de regularização no site do CBMERJ.
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Simulador de exigências online.
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Cursos gratuitos para brigada de incêndio.
22. Notas Técnicas (NT)
Regulamentações complementares emitidas pelo Comandante-Geral do CBMERJ para detalhar:
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Parâmetros de resistência ao fogo.
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Dimensionamento de saídas de emergência.
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Certificação de equipamentos.
Conclusão Final
Desta maneira, podemos chegar à conclusão de que o COSCIP padroniza as normas de segurança contra incêndio no RJ, com exigências proporcionais ao risco.
Seus pilares são:
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Prevenção: Projetos técnicos e medidas adaptadas ao risco.
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Fiscalização: Atuação rigorosa do CBMERJ.
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Flexibilidade: Procedimentos simplificados e soluções compensatórias via CAT.
O COSCIP é um marco na segurança contra incêndios no RJ, mas sua complexidade exige planejamento técnico e jurídico. Empresas devem investir em assessoria especializada (Fersan Engenharia) para garantir conformidade.
🔍 Dica final:
Mantenha um “dossiê de segurança” atualizado com projetos, certificados e relatórios para facilitar renovações e fiscalizações.
Referências:
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Decreto nº 42/2018 – DOERJ de 26/12/2018
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CBMERJ – Notas Técnicas
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ELABORAÇÃO EM: 14 de AGOSTO 2025
APOIO: FERSAN ENGENHARIA'S
AUTOR: Alex Fersan
Formações:
Engenheiro civil
Engenheiro de segurança do trabalho
Matemático
Especialidades:
Matemática e Física
Engenharia de estruturas de concreto armado e fundações
Engenharia sanitária e ambiental
Gestão Pública